Dentre outras funções, o grupo de WhatsApp dos médicos de família e comunidade do Espírito Santo abriga uma espécie de clube de revista. Os integrantes do grupo compartilham evidências científicas interessantes na medida em que as encontram (ou redescobrem), o que frequentemente dispara uma discussão sobre o tema. Às vezes é o contrário: seus integrantes compartilham evidências científicas de que já tinham conhecimento, ou que acabaram de buscar, para responder a alguma discussão que esteja acontecendo no grupo.
Estes foram alguns dos artigos que geraram maior interesse, durante o mês de março de 2018:
- Coincidindo com a iminência do curso Teoria e Prática Narrativas, a Canadian Family Physician publicou um artigo de revisão apresentando a medicina narrativa: http://www.cfp.ca/content/64/3/176.
- Em uma espécie de continuação da discussão sobre suplementação de vitamina D no mês anterior, o grupo discutiu a recomendação de sociedades de pediatria ou endocrinologia de suplementar vitamina D para lactentes. Muitos integrantes se mostraram perplexos com essa prática de médicos de outra especialidade, em especial porque as justificativas são indiretas: https://www.aafp.org/afp/2010/0315/p703.html.
- O diabetes mellitus
tipo 2foi reclassificado em cinco subtipos, com diferentes apresentações iniciais e prognósticos: https://doi.org/10.1016/S2213-8587(18)30051-2. Enquanto isso, o American College of Physicians (ACP) recomendou que a maioria das pessoas com diabetes mellitus tipo 2 tenha como meta uma hemoglobina glicada (A1c) entre 7% e 8%: https://doi.org/10.7326/M17-0939. Essa desintensificação do tratamento pode melhorar em muito a qualidade de vida dos diabéticos em curto prazo; resta decidir qual é a implicação a longo prazo… - Em suas infames diretrizes de hipertensão, o American College of Cardiology (ACC) e a American Heart Association (AHA) tinham recomendado que uma meta de pressão arterial de 130/80, em vez de 140/90, para os diabéticos. Ironicamente, a mesma American Diabetes Association (ADA) que tinha se oposto à recomendação do ACP de desintensificar do controle glicêmico agora se opôs à recomendação do ACC e da AHA de intensificar o controle pressórico em diabéticos: https://doi.org/10.1001/jama.2018.0642.
- Ajudar as pessoas a parar de fumar vale a pena, mesmo que poucas efetivamente consigam: https://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2010.05.002. Versão do autor (preprint) disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2945209. Além disso, as intervenções breves efetivamente ajudam as pessoas a reduzir o consumo nocivo ou potencialmente nocivo de bebidas alcoólicas: https://doi.org/10.1002/14651858.CD004148.pub4. Vale a pena aprender!
- Alguns probióticos têm-se mostrado eficazes na prevenção de diarreia induzida por antibiótico em crianças (https://doi.org/10.1002/14651858.CD004827.pub4) e no tratamento de diarreia aguda (https://doi.org/10.1002/14651858.CD003048.pub3), mas a evidência ainda é de baixa qualidade quando se trata de usar sistematicamente para prevenir infecções em geral em idosos (https://doi.org/10.1093/ageing/afy006).
- Mais um estudo com resultados desanimadores sobre rastreamento do câncer de próstata, desta vez com uma única dosagem de PSA: https://doi.org/10.1001/jama.2018.0154. Além disso, uma revisão sistemática concluiu que o toque retal tem sensibilidade (51%) e especificidade (59%) baixos demais para ser usado no rastreamento: https://doi.org/10.1370/afm.2205.
- Suplementação oral de vitamina B12 parece ser tão eficaz e segura quanto intramuscular, mas a evidência ainda é de baixa qualidade: https://doi.org/10.1002/14651858.CD004655.pub3.
Se você ainda não faz parte do grupo, associe-se e envie um e-mail à ACMFC pedindo sua inclusão.