Dentre outras funções, o grupo de WhatsApp dos médicos de família e comunidade do Espírito Santo abriga uma espécie de clube de revista. Os integrantes do grupo compartilham evidências científicas interessantes na medida em que as encontram (ou redescobrem), o que frequentemente dispara uma discussão sobre o tema. Às vezes é o contrário: seus integrantes compartilham evidências científicas de que já tinham conhecimento, ou que acabaram de buscar, para responder a alguma discussão que esteja acontecendo no grupo.
Estes foram alguns dos artigos que geraram maior interesse, durante o mês de junho de 2018:
- Uma revisão sistemática da Colaboração Cochrane investigou o uso de antidepressivos para o tratamento de insônia em adultos, e não encontrou evidência a favor ou contra o uso de amitriptilina: https://doi.org/10.1002/14651858.CD010753.pub2.
- Um estudo de intervenção mostrou que, em pessoas com úlcera venosa, cirurgia precoce é bem melhor do que começar com uma abordagem conservadora: https://doi.org/10.1056/NEJMoa1801214.
- Uma revisão sistemática sobre a eficácia dos anti-helmínticos encontrou uma eficácia assustadoramente baixa contra a tricuríase: https://doi.org/10.1136/bmj.j4307.
- Publicou-se uma revisão clínica sobre a desprescrição de benzodiazepínicos: http://www.cfp.ca/content/64/5/339. Dois meses antes, este clube de revista tinha divulgado uma revisão sistemática sobre o mesmo assunto.
- Não se poderia deixar de discutir o ensaio controlado aleatorizado sobre dieta mediterrânea, que foi retraído pelos autores e republicado com análises ajustadas aos erros de condução, sem mudar as conclusões: https://doi.org/10.1056/NEJMoa1800389. Lembrou-se inclusive de um ensaio de John Ioannidis, “Por que a maioria dos achados de pesquisa publicados são falsos”: https://doi.org/10.1371/journal.pmed.0020124.
- A Colaboração Cochrane atualizou sua revisão sistemática sobre terapia de reposição de nicotina para a cessação do tabagismo: https://doi.org/10.1002/14651858.CD000146.pub5.
- Propôs-se um novo método para sistematizar a consulta médica: https://doi.org/10.1080/14739879.2018.1479194. Esse método parece interessante, mas ainda não foi avaliado formalmente, e seu mérito está em ser mais simples do que o Calgary-Cambridge, que pouco se usa no Brasil.
- Discutiu-se muito acesso avançado, com direito a um relato de experiência (http://www.mfpaper.com.br/fulltime/2018/CD/PDF/ATEN082.pdf), uma revisão sistemática sobre o recrutamento e a retenção de médicos de família (https://doi.org/10.3399/bjgp17X689929), e um ensaio sobre atributos da atenção primária (https://doi.org/10.1590/S0104-12902015000100013).
- Um estudo ecológico realizado na cidade do Rio de Janeiro encontrou uma redução nas internações por condições sensíveis à atenção primaria, correlacionada à expansão da cobertura pela estratégia Saúde da Família: https://doi.org/10.1016/j.puhe.2018.05.011.
- A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos atualizou suas recomendações para rastreamento de osteoporose: https://doi.org/10.1001/jama.2018.7498. Um editorial em outro jornal se opôs à recomendação de rastreamento em mulheres com menos de 65 anos, mesmo em mulheres com risco aumentado de osteoporose: https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2018.2776.
- Contrariando revisões sistemáticas recentes (p. ex., https://doi.org/10.1016/S0140-6736(15)60933-3), um ensaio controlado aleatorizado com 512 participantes não encontrou eficácia na tansulosina para acelerar a passagem de cálculos urinários: https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2018.2259.
Se você ainda não faz parte do grupo, associe-se e envie um e-mail à ACMFC pedindo sua inclusão.