Dentre outras funções, o grupo de WhatsApp dos médicos de família e comunidade do Espírito Santo abriga uma espécie de clube de revista. Os integrantes do grupo compartilham evidências científicas interessantes na medida em que as encontram (ou redescobrem), o que frequentemente dispara uma discussão sobre o tema. Às vezes é o contrário: seus integrantes compartilham evidências científicas de que já tinham conhecimento, ou que acabaram de buscar, para responder a alguma discussão que esteja acontecendo no grupo.
Estes foram alguns dos artigos que geraram maior interesse, durante o mês de fevereiro de 2018:
- Antevendo uma demanda para o Carnaval, o grupo discutiu a abordagem da ressaca alcoólica, e foi socializada uma revisão clínica de 2000: https://doi.org/10.7326/0003-4819-132-11-200006060-00008.
- O grupo também discutiu a vacinação contra a febre amarela. Além de um resumo jornalístico do assunto e outro resumo jornalístico das explicações para a recente expansão da doença no Brasil, foi compartilhado um recente estudo observacional atestando a imunogenicidade da vacina fracionada: https://doi.org/10.1056/NEJMoa1710430.
- Como não poderia deixar de ser, discutiu-se o recente estudo sobre a eficácia da abordagem escolar para a prevenção da obesidade: https://doi.org/10.1136/bmj.k507.
- Muitas mulheres estão acostumadas à realização de ultrassonografia transvaginal anual, apesar da recomendação contrária ao rastreamento de câncer de ovário. Seguiu-se um rico debate sobre técnicas e os limites éticos da decisão compartilhada. Por coincidência, um artigo recente tratou justamente de como dizer “não”: https://www.aafp.org/fpm/2018/0100/p25.html.
- Para felicidade de todos, um recente estudo mostrou que usar jalecos de manga curta (em vez de manga longa) reduz o risco de transmissão de micróbios entre os pacientes: https://doi.org/10.1017/ice.2017.264. Com esse calor, a notícia foi muito bem-vinda!
- Uma revisão clínica sobre o tratamento inicial da hipertensão arterial (https://doi.org/10.1056/NEJMcp1613481) foi acompanhada de mais uma onda de perplexidade com as novas diretrizes norte-americanas.
- Em mais uma demanda do grupo, discutiu-se o tratamento de tabagismo, incluindo um artigo de revisão (https://doi.org/10.1038/s41533-017-0039-5), uma recordação do modelo transteórico da mudança de comportamento (Prochaska e DiClemente), e dois artigos recentemente publicados na RBMFC (https://doi.org/10.5712/rbmfc12(39)1463 e https://doi.org/10.5712/rbmfc12(39)1562) sobre a efetividade dos grupos de cessação do tabagismo.
- Um post no blog de um médico de família norte-americano, citando artigos sobre vitamina E (https://www.aafp.org/afp/2005/0601/p2052.html) e mais recentemente vitamina D (https://www.aafp.org/afp/2018/0215/p254.html), levantou uma discussão sobre a frequentemente inapropriada prescrição de suplementos vitamínicos.
- Um estudo de coorte sobre a (falta de) associação entre o sucesso escolar e a exposição intrauterina a hipotiroidismo materno (https://doi.org/10.1136/bmj.k452) suscitou uma discussão sobre a inclusão do TSH na rotina pré-natal de alguns médicos e organizações. Alguns elementos da discussão foram a recomendação do USPSTF e o excelente resumo do DynaMed.
Se você ainda não faz parte do grupo, associe-se e envie um e-mail à ACMFC pedindo sua inclusão.
2 comentários em “Clube de revista ACMFC, fevereiro de 2018”