Dentre outras funções, o grupo de WhatsApp dos médicos de família e comunidade do Espírito Santo abriga uma espécie de clube de revista. Os integrantes do grupo compartilham evidências científicas interessantes na medida em que as encontram (ou redescobrem), o que frequentemente dispara uma discussão sobre o tema. Às vezes é o contrário: seus integrantes compartilham evidências científicas de que já tinham conhecimento, ou que acabaram de buscar, para responder a alguma discussão que esteja acontecendo no grupo.
Estes foram alguns dos artigos que geraram maior interesse, durante o mês de abril de 2018:
- Para sintomas vulvovaginais devido à menopausa, nem pílula de estradiol, nem hidratante intravaginal foram mais eficazes do que o placebo: https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2018.0116.
- Lembrou-se o clássico estudo sobre a eficácia do Uso de paraquedas para prevenir trauma grave devido a desafio gravitacional (https://doi.org/10.1136/bmj.327.7429.1459), além do recente estudo mostrando que muitos supostos “paraquedas” eventualmente se mostram ineficazes (https://doi.org/10.9778/cmajo.20170088).
- A ameaça à saúde decorrente da exposição de agrotóxicos foi muito discutida. Divulgou-se o livro Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia (https://www.larissabombardi.blog.br/atlas2017), além de páginas do sítio da Organização Mundial de Saúde e outras informações.
- Um recente estudo sobre a confiabilidade diagnóstica da ultrassonografia abdominal realizada por médicos de família (https://doi.org/10.1016/j.aprim.2018.02.004) motivou uma discussão sobre os limites da especialidade.
- Partindo da medicina paliativa como área de concentração da medicina de família e comunidade, o grupo discutiu erros e acertos de uma nova proposta de definição para prevenção quaternária: https://doi.org/10.1080/13814788.2017.1422177. Lembrou-se ainda que a Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade tem um número especial dedicado ao tema: https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/issue/view/44/showToc. Em um assunto correlato, a desprescrição, a Colaboração Cochrane publicou recentemente uma revisão sistemática sobre as medicas farmacológicas para a descontinuação do uso prolongado de benzodiazepínicos: https://doi.org/10.1002/14651858.CD011481.pub2.
- Uma meta-análise de estudos observacionais comparou diferentes níveis semanais de consumo de bebidas alcoólicas, e concluiu ser melhor consumir menos do que 100 gramas de álcool (sete latas de cerveja) por semana: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)30134-X.
- Um inquérito nos Estados Unidos (https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2018.0407) lamentou que os médicos continuem a prescrever antibiótico por 10 ou mais dias para sinusite aguda bacteriana, apesar de a Infectious Diseases Society of America recomendar apenas 5 a 7 dias.
- A (não) prescrição de estatinas após os 75 anos de idade foi discutida, e o sumário de evidências e recomendações apresentado pelo DynaMed foi muito útil.
- Uma alternativa aos espéculos vaginais de tamanho grande são os espéculos vaginais de tamanho médio revestidos por uma camisinha cuja ponta foi cortada fora: http://www.cfp.ca/content/64/4/297.
- Atendendo a uma demanda, socializou-se a revisão sistemática da Colaboração Cochrane sobre a eficácia da abordagem intensiva em grupo para a cessação do tabagismo: https://doi.org/10.1002/14651858.CD001007.pub3.
- Por fim, um recente artigo reuniu mil pesquisas em várias regiões do mundo e décadas, incluindo mais de 88 milhões de pessoas com diferentes faixas etárias, e estudou a contribuição relativa do tratamento da hipertensão arterial e das mudanças na média populacional da pressão arterial para o aumento ou diminuição da prevalência de pressão arterial elevada na população: https://doi.org/doi/10.1093/ije/dyy016/4944405. O artigo se baseia na diferenciação entre abordagem populacional e abordagem (individual) de alto risco, popularizada por um livro de Geoffrey Rose distribuído anos atrás pela SBMFC a seus sócios; uma resenha se encontra em: https://doi.org/10.5712/rbmfc10(34)1092.
Se você ainda não faz parte do grupo, associe-se e envie um e-mail à ACMFC pedindo sua inclusão.
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